
“- QUER SABER? Tenho simmmmmmmmmmm!!!”
Desde então, assim como fazem as baratas, os ratos, os morcegos, as corujas, os boêmios, os vira latas e os gatos de rua, enfim, eu saio da toca nas madrugadas sem que ninguém veja. Afinal, eu sou mesmo uma criatura da noite.
Daí, quase igual a um detento e sem o recurso “Maria Tereza”, desenvolvi desde então a habilidade de pular janelas, subi telhados e escalar muros feito um gato de rua, só que de salto alto.
A recompensa pelas fugas resulta em boas risadas, farras animadíssimas, altas baladas e romances quentíssimos, ou seja: Noites maravilhosas.
Lembro como um flash back a minha última fuga.
Era véspera de feriado, a previsão do tempo prometia tempestade, mas até então à chuva caía fina naquela noite.
Ainda assim a estratégia de fuga já estava montada e as emoções que me propunham me deixava cada vez mais excitada com todo aquele clima de descobertas e aventura.
Depois que a casa dormiu fiquei a espreita até a hora de subi no telhado e ficar esperando o bat sinal até que de repente ele acontece.
Meu corpo gelado por conta do sereno é logo acolhido no carro quentinho e no colo macio do vampiro da vez.
A coisa toda começou por aí. Nossos corpos ardiam de tesão e calor por saber que tudo estava daquela maneira tão intensa, tão plena, num momento tão inesquecível e doido que só fazia com que tudo ficasse mais gostoso.
Minutos depois já estávamos confortavelmente abrigados num dos lugares mais alto da cidade.
Da janela do quarto tínhamos como cenário o céu sendo cortado pelos raios e do outro lado da orla, as duas cidades sendo banhadas pela chuva forte.
A música de fundo era uma mistura de trovões, beijos e barulhos molhados.
O mundo se acabava lá fora. A cidade era devorada pela fúria da natureza... E eu também. A natureza age a favor da vida.
Tudo se resumia em nossos corpos encaixados, sentindo o calor, a pulsação um do outro num prazer que parecia infinito, repleto de desejo e sentimento ao mesmo tempo.
As horas ininterruptas de amor não pareciam suficientes e não parávamos de nos tocar e beijar continuando as carícias com os corpos colados, exaustas depois de todas as emoções sentidas.
A chuva foi parando parando parando de acordo com as nossas forças.
O que sobrou foi uma calmaria que embalava os meus sentimentos mais íntimos, tornando o momento mágico e meu sono enternecido com uma paz inesquecível e merecida.
Até perceber que o dia inevitavelmente já está amanhecendo e para que não se quebrasse o encanto daquilo tudo, era hora de voltar pra casa antes de clarear.
Feito os vampiros...
Entrei em casa da mesma maneira que sair enquanto tudo ainda dormia. E certa que compartilho agora esse segredo somente com meus amigos blogueiros, o vampiro da vez e o vigia da rua.
Sobre o vigia: trata-se de um sacana que sempre apita alto fazendo subi a minha adrenalina qdo ele vê que já alcancei a janela do meu quarto.
Ele deve pensar horrores de mim! Mas quem liga? Ele é pago pra vigiar a rua e guardar os mistérios da noite.
Mais tarde, acordo junto com os outros. No meu rosto ainda tem um ar suspeito e um tom de rosa. E estampado um sorriso bobo feito um letreiro luminoso que avisa o tempo todo para quem consegue perceber –“Uauuuu que noite!!!” E ninguém nem faz idéia do quanto foi bom.
Dessa forma, sem contrariar as normas da casa, vou levando a vida assim como fazem as baratas, os ratos, os morcegos, as corujas, os boêmios, os vira latas e os gatos de rua que saem das tocas para se divertirem, e me trasformo de fato em mais uma criatura da noite.
Se é comigo, não poderia ser diferente.
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"-sobre post "tal". Obrigada!