NÃO FOMOS NÓS...Foi a Lua.

Considerada o astro dos deuses, a Lua, esse ser celeste mais próximo de nosso planeta, vem através da história inspirar adoração religiosa, lendas, músicas, astrologias, literatura e romances. Sim! Romances. Pois exerce uma grande força de atração gravitacional sobre a Terra e por tudo que está sobre ela.

A Lua representa o arquétipo de matriz e origem de todas as coisas, e por representar a matriz, a Lua tem um princípio feminino a sensibilizar mais ainda as mulheres, tanto no físico como no psicológico.

E tendo esses princípios femininos ao extremo, me vejo tanto física quanto psicologicamente, influenciada também. Pois até de forma astral, embora nascida Leonina do primeiro decanato e tendo como regentes a terra e o fogo, ainda assim, termino em câncer, que é dominado pela Lua. Então, por natureza torno-me um ser em eterna mutação. E a Lua, esse astro provocante, sabedora dos efeitos sobre mim, nessa última virada, mexeu comigo mais uma vez. Se a Lua exerce uma grande força de atração gravitacional sobre a terra, provocando as marés, imagine o que faz conosco simples mortais, que somos na nossa quase totalidade, fluidos?! Tudo que havia de lágrimas, sangue, suor e cerveja se misturaram provocando uma verdadeira Pororoca de proporções devastadora e incontrolável. Me deixando cheia de caprichos, e tirando o foco de tudo prático que me propunha a resolver nos últimos dias. Mas, a natureza age a favor da vida... E para que seja vida, é preciso se misturar, se fundir, se amar. Nesse propósito a natureza confabulou para tranformar o que era para ser um simples encontro, num encontro de almas com a chegada do crepúsculo. E resultando numa interminável sessão de entregas.

E aquele Homem que aos meus olhos no inicio do dia não passava de um predador, estava ali doce e tranqüilo na minha frente, despindo a minha alma, arrancando os meus segredos, esses mesmos segredos que me tornava um ser frágil e vulnerável. Em troca ele me oferecia colo, me decifrando inteira, disposto a me devorar se preciso fosse. Mais tarde, agora num descampado a beira do rio, rodeados de uma vegetação tipicamente sertaneja e tendo a Lua como testemunha, ela toda orgulhosa aguardava lânguida e premeditada os efeitos que tinha provocado. Naquele cenário, estávamos nós, criaturas forjadas a Ferro (ele) e a Fogo (eu) decididos a transformar aquilo tudo num outro elemento chamado PURA PAIXÃO. E para que essa fusão acontecesse, tínhamos por instinto a certeza de que tudo deveria ser de forma lenta... muito lenta...apreciada... degustada. Eu sendo o Fogo, só podia arder na minha máxima combustão, e ele sendo o Ferro, se derretia dentro de mim sem oferecer resistência alguma. Pois estávamos exercendo as nossas funções elementar da natureza das coisas. Com ternura, mas sabedor do poder fálico de sua voz em mim, murmurou assim no meu ouvido: “-olha a lua, fique olhando pra ela” Então fiquei. Antes eu era um mar revolto e que passava a ser então pura calmaria. Afinal, fez-se Lua Nova... Nova assim como a sensação de ser abraçada por ele daquela maneira afetuosa, onde serpenteava a língua no meu pescoço e me beijava como quem chupa uma fruta vermelha e suculenta. Ele era todo entregue aos acontecimentos e sabia que não tinha a menor necessidade de me provar mais nada.

Arrepiei-me como se todo o inverno tivesse enfiado sob a minha pele e na minha boca a luz gélida do Luar.... do Luar do Sertão. Os fluidos eram trocados por todas as vias. Bocas coladas, mãos escorregando, cheiros se misturando, sussurros suados nos ouvidos contando segredos inconfessáveis, e lágrimas... lágrimas de felicidade. Meu coração acelerado era uma barragem inútil que não segurava a pressão daquela fúria chamado amante. E foi se abrindo em fendas, estremecendo as paredes, soltando aos poucos tudo que eu havia represado dentro de mim. E não agüentando mais, explodir num gemido surdo de fora para dentro deixando a minha respiração descompassada. Mas tudo bem... Era um universo inteiro a ser explorado ainda. Um universo em forma de homem , belíssimo em todos os aspectos, viril e descaradamente repleto de desejos, que ali comigo não representava apenas músculos, pois havia também o tesão estampado em seu semblante que o deixava ainda mais gostoso. Era mais do que sexo, era dança e era poesia. Era atração de almas, e sensações expostas num frenesi marcado pela disritmia cardíaca e cerebral. Mas, para que cérebro mesmo??? Minutos pareciam horas, até vir o esperado e inevitável jorro explosivo de textura viscosa que molhou o meu rosto, entrando pela boca, descendo pela garganta, entupindo as narinas, molhando até os olhos e deixando no meu corpo a fragrância inconfundível do desejo satisfeito. (...) (...) (...) Fomos mais que pulsão sexual. Fomos só sensualidade aflorada. Fomos mais que duas criaturas sem pudores e sem pecados. Fomos os escolhidos para sermos vitimas do feitiço da Lua naquela noite. E foi um momento lindo. De volta para casa uma brisa suave lambia nossos rostos e refrescava nossos corpos. Já no meu quarto abrir todas as janelas para que a luz do céu entrasse. E sem forças, deitei sem me importar com mais nada, pois só queria dormir impregnada de luz, de relva, de orvalho, de seiva, de vida e de pura PAIXÃO.