SUITE Nº 05, POR FAVOR!

Um dia antes eu havia avisado em tom de ameaça: -“Olha só, com você ou sem você, amanhã vou fazer amor de qualquer jeito”. E ele, do outro lado retrucou: -” Você vai fazer amor comigo e eu ainda vou gozar dentro”.
Sorrir. No outro dia pela manhã, sentia o calor dos seus últimos sussurros que dizia assim antes de tudo começar: ”-Penso em você o tempo todo... Estou viciado em você... Durmo e acordo com um só pensamento, você... Isso está me tirando o sossego e revirando o meu juízo... Minha delícia”... Essas palavras tinham o som de um doce feitiço jogado sobre mim. E sabedor do efeito delas, ele via que se antes eu era a moça convicta e dona de tudo, e ali naquele instante eu não era dona de mais nada, e sim, havia me transformada num serzinho indefeso e entregue aos seus desejos. Tudo em mim lhe pertencia. E por sucção ele foi tomando meus lábios, língua, rosto, pescoço, peitos, barriga, umbigo, tudo ia ponto a ponto se dissolvendo na sua boca, que me conduzia a uma ardência funda e que me contorcia abrindo possibilidades antes inexploráveis, mas que sob tais movimentos circulares de sua língua eu mesma me roubava e me dava toda para ele. Entrei num êxtase alucinante e na minha máxima paixão e me oferecia inteira. Beijei sua boca molhada com loucura, sentia uma febre que me deixava enternecida e buscava engolir sua língua tão doce e tão quente como fonte de alimento para a minha alma de fêmea sedenta. Minhas pernas laçaram em torno do seu corpo puxando para dentro do meu centro, centro esse que havia se tornado o centro de sua morada naquele momento. Confesso que já ouvir essas frases de todas as maneiras, algumas vezes soltas, algumas vezes tensas, outras vezes cantadas, outras musicadas, e até mesmo choradas de quem via nisso um problema. Enfim, de todas as formas fora emocionantes, mas dessa vez só tinha uma definição: Impressionante! Afinal, não era para ele se sentir assim... Isso, esse sentimento embriagador, era coisa minha que estou acostumada aos alucinógenos. Foi uma apropriação total do meu discurso e do meu juízo. Ou da falta dele! Pois nessa louca aventura de amor, só eu posso sentir assim. Você não, amor... Complica. Depois não me importei com mais nada. Eu só queria me bastar em todos os sentidos e implorei para que ele viesse cada vez mais forte e mais dentro. E o seu corpo prazerosamente correspondeu a minha suplicas, e me penetrava cada vez mais anunciando que o melhor estava por vir. Agoniada, percebo que todos os tecidos da minha pele, fibra a fibra estão se desfazendo e sinto que a explosão está chegando... É bom demais!!! Está próximo... E chego ao ápice do prazer me desmanchando toda e ouvindo o seu último gemido. Dormir... Meu rosto e os meus seios nus encontravam-se apoiados no seu peito largo e macio de quem ainda dormia mergulhado no mundo do sossego depois de tantas emoções sentidas. E sendo eu uma criatura da noite, em pensamentos maldizia agonizante aquela claridade trazida pelo sol que invadia por todas as frestas, enchendo o nosso quarto de uma luz insuportável anunciando que aquele encantamento estava por terminar. De repente, ouço um bocejo e vejo seu corpo nu espalhando-se na cama. Ele me olhava sorrindo e dava um “-bom dia!” me puxando novamente para si. Perguntou se eu estava feliz, se dormir bem e deitou-se sobre mim. Beijou-me a boca com ternura e devagarzinho mergulhou no meu corpo ardente de vontade de tê-lo novamente. Meus dedos escorregavam em suas costas transferindo para ele a sensação de dor-ardor e prazer que eu sentia. Naquela manhã, estávamos apaixonados demais a ponto de até a nossa respiração ser sentida como um objeto cortante que rasgava os pudores e deixava de fora toda a nossa libido pulsante que mergulhada num tesão imenso, tinha gosto de vinho, saliva e quero mais. Nos amamos... E foi ainda melhor, pois nos descobrimos daquela maneira mais uma vez.